30/04/21
Morgan estivera outrora a frente do enigma do triângulo das bermudas de seu pensamento mais íntimo em prol de resolver o que afinal já havia sido resolvido porém ela não compreendia como e quando, pois o enigma já era o próprio e se as perguntas corretas fossem feitas, a chave para o futuro, que é a do presente no final, seria entregue. E em sua essência mais tênue ela borbulhava pelos anseios de enfim poder cumprir a profecia de sua família o qual estava presa na ampulheta do tempo, por terem se perdido em sua própria ilusão, mesmo que doce e cheia de uma paz a qual no fundo jamais sabiam que era uma falsa paz, por não ter aquela que ecoa pelos universos afim de entoar a música da eternidade ensinada pelos antepassados através do sangue, gritando por liberdade.
Já passara por tantos feitiços outrora mas o verdadeiro feitiço havia sido aquele que ela mesma havia colocado em si para não encarar o que deveria, afinal o caçador havia avisado, mas sempre avisam aquilo que eles mesmos devem enfrentar no fundo, por todos sermos a mesma pessoa e estarmos na mesma fase, mas até isso é um teste pois nada nunca é igual para todos e cada qual tem sua jornada e seu olhar para qualquer situação. Porém Morgan via tudo de forma diferente, e embora existissem listas e listas nomeando sua sanidade a insanidade ela continuou seguindo mesmo cheia de cacos de vidro no seu peito, pulsando pelo que conseguia ver através do lapso de luz que emanava por dentro de si, pulsando de uma forma tão questionável que não sabia se era ela mesma ou um eco de um furacão do outro lado do mundo.
Então certa noite chegou uma nova amiga, e era uma bela borboleta. Ela olhou para Morgan questionando o porque de tantas questões sendo que no fundo ela só precisava respirar fundo e sentir, não compreender tudo absolutamente, que no tempo certo as coisas acontecem, afinal ela mesma havia demorado anos para sair de seu casulo e voar.
Morgan virou para a borboleta e disse:
-Mas como é voar? Nunca pensei em voar de verdade... embora ja tenha imaginado, mas voar na forma real e mecânica como respirar nunca pensei! Como você sente o vento nas suas asas? Qual é a pressão atmosférica em relação a sua massa somada a gravidade? Como é sentir os desenhos lindos que você tem em você? Como é ser um rabisco no meio do tempo flutuando enquanto a maioria está presa ao chão? Como é ser colorida? E não ter uma definição tão precisa como a minha? Como é poder enxergar as estrelas mais de perto e sentir sua magnitude de outro âmbito? Você sente o calor delas se aproxima mais? Como não se queima com o Sol sendo que Ícaro de queimou por chegar perto demais? Como é ver o mundo sobre mil óticas diferentes sendo tão sensível e ao mesmo tempo tão forte ao ponto de vencer o vento e estar aqui comigo agora dentro desse quarto? Como é ser livre?
E a borboleta respondeu:
- É viver em amor. Viver em sinergia com a energia mais linda que existe dentro do âmbito de viver. E viver pra viver, para ver, para sentir o vento penetrando em todas minhas células e me sentir filha do ar, ser o arco-íris de sensações tão plenas que não tem como expressar sem chorar de verdade, pois quando saí do casulo tudo fez sentido para que expandisse a mente de uma forma tão presente que tudo que me machucou valeu a pena, só para eu ter todos os olhos que tenho em cada centímetro de minha existência, afinal eu sou o vento, o pensamento, a essência e a consistência. Eu beijo as flores, vejo os amores, eu me descubro em mim a cada voo e assim viro uma rosa azul no meio do infinito da Natureza, pra sempre até que minha existência se torne outra sequência de vitalidade. E o Sol é meu amigo, ele esta comigo pois sou ele também, ele me guia através de mim mesma quando me perco ou até quando tentam me prender apenas para roubarem minha beleza. Mas sempre dou um jeitinho, embora por alguns anos tenha vivido tão presa, por isso te compreendo minha jovem, porque é difícil existir, mas se estamos aqui precisamos fazer as perguntar certas que é: perguntar. Pois nem todas as respostas chegam na hora que precisamos, mas quando precisamos, e assim vamos acordando para nosso verdadeiro propósito, e digo de passagem, cada um tem um, mas todos devem pensar em todos para que assim consigamos voar juntos de alguma forma, mesmo que seja em pensamento, ou um abraço, ou um beijo, ou até mesmo um rabisco na eternidade do ser ao escrever uma história, ou descrever uma memória bonita.
-Porque será que nos perdemos então se no fundo sabíamos disso mas não queríamos ver?
- Pra que.... seria mais indicado dizer.... pra que nos perdermos, para conhecer o caminho que verdadeiramente vale a pena trilhar. As opções tão tantas minha querida! Você pode ser o que quiser literalmente! Porém no final você sempre acaba voltando para o lugar que mais se sente em casa no final, para o sorriso que mais te faz sentir viva, para as memórias mais bonitas que você tem, para aquelas que te fez sentir eterna com tão pouco, para os silêncios que você quis morar, para as vezes que disse a si mesma que queria ficar ali pra sempre, pois ali esta você, ali está seu coração, e ele pulsa contigo pra sempre. Assim como minhas asas, elas estão pra sempre comigo pois são parte de minhas lágrimas que vivaram esperança de uma forma que a Natureza faz mágica sem que a maioria tenha tempo de refletir como realmente aconteceu.
-Nossa... mas que coisa linda.... então no final das contas eu sou livre também? E nunca soube?
- Sua mente minha doce.... sua mente é sua prisão se você se deixa domesticar, existe o que você quer que exista, e se você tem esperança você sempre vai seguir em frente até que tivéssemos essa conversa agora, e ela ecoa pelo infinito.
- E porque não nos falam sobre isso sem mistérios?
-Porque a Natureza é apaixonada em um enigma, talvez para se sentir merecedora e ver se realmente é real aquilo que deveras sente. Por isso viva! Ame! Chore! Lute! Mas nunca deixe de sonhar, afinal aqueles anos no casulo foram desafiadores, mas eu fui desenhando minhas asas e então elas viraram reais.
-Então foi assim que........ meu Deus!
-Shiiiiu... isso é segredo nosso!
Então Morgan sorriu, de uma forma tão linda, mas tão linda! Porque agora havia compreendido que deve apenas sentir e seguir o seu coração que tudo vai acontecer como deve, da forma mais verdadeira, afinal vale muito mais o que ela acredita do que o que fora imposto por tantas falsas verdades que viajou para se encontrar de fato. O maior conhecimento é aquele que você encontra dentro de si mesmo. Eis o foco para a evolução, apenas por amor.
Assim a ampulheta se quebrou, e todos puderam enfim se libertar. E eles lembraram de quem eram e não de quem se tornaram. Pois no fundo são os desenhos, os escritos, as fotos e as memórias bonitas do passado que nos salvaram, através daquilo que os fizeram sentir vivos. Seja o nascimento de uma criança, o primeiro amor, o primeiro dia na escola, o primeiro dia em que foram para o emprego, quando se sentiram mais felizes, quando ganharam uma festa surpresa, quando brincava com os irmãos quando novos, quando viajavam o mundo e faziam as pessoas sorrirem, quando viram os primeiros netos nascerem, quando iam a praia, quando de olhavam apaixonadamente, quando nasceram, quando viram o por do Sol, quando decidiram existir de verdade.
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