.

Yeshua

sexta-feira, 5 de abril de 2013


Ofegante depois de tanto correr o guerreiro caiu se joelhos a beira de um riacho vencido pelo cansaço. O sol batia sutilmente suas mãos que estavam ardidas pela queda.

Olhou para trás para ver se ainda estava sendo perseguido e notou que havia finalmente despistado eles. Olhou para seu reflexo no brilhante riacho e se encarou. Faziam tantos meses que não se deparava com sua imagem que quase não se reconheceu. Seus cabelos haviam crescido e a coragem em seus olhos haviam dominado seu interior. Estava diferente, havia se fortalecido depois da guerra e esses efeitos ninguém jamais haveria de entender, somente ele que passou pelo que passou e principalmente perdeu o que perdeu certa vez em um certo rio.

E como sempre a água.

E de seus olhos novamente, depois de tantos meses ele se colocou a chorar. Nem pelo cansaço que seu corpo gritava, mas pela sua alma que precisava de ar.

Uma gota de sangue mancha a água e então ele se dá conta que havia sido ferido.

As vezes ser guerreiro cansa, ter que ser sempre forte, sempre persistente, sempre encarar seus medos e se encarar a cada estagio que a vida avança[ e somos sempre nossos inimigos mais difíceis, e sempre diferentes, e sempre relacionado a nossas escolhas e temores]. Porém dessa vez o guerreiro não estava cansado de lutar, apenas estava cansado de ter que defender uma coroa.

Quem realmente é seu rei afinal?

Limpou sua ferida com a água corrente e depois saciou sua sede. Mas do que ele tinha sede de verdade?

E então olhou ao seu lado e viu uma flecha caída, provavelmente a que acabou pegando ele de raspão e o ferido anteriormente na corrida. Tamanha foi sua maratona que nem havia se tocado que levara consigo acoplada em suas vestes a arma do crime. E foi quando ele então entendeu tudo.

Não era o cansaço, não era a sede e sim o rei.

Até que ponto pode-se entregar a luta em nome de uma pessoa que se esconde por de trás de um ideal se ela sequer tem coragem de enfrentar  a guerra frente-a-frente? Jogando apenas os melhores guerreiros em seu nome e inserindo em seus corações honrosos o mérito da glória em defender sua nação quando na verdade esse rei... ou melhor “rei” sequer sabe o que realmente significa conquistar a glória por si só? De que vale ser um rei vitorioso através da gloria e da morte de outros guerreiros e não através de sua própria glória? Que honra existe nisso? Hierarquia Monarquica, privilégios sociais ou seria medo da morte? E porque esse rei teme tanto a morte se a vive todos os dias por não se aceitar como é e fingir ser algo que não é- e esse reinado de falsas língua e unicórnios de papel-?

O guerreiro e a verdade, sempre através da água.

Ele sente saudades do mar....

quarta-feira, 3 de abril de 2013


Chega uma hora em que realmente precisamos deixar as folhas percorrerem o caminho das águas.
E ela parou diante do rio.
Aproximou-se , e com suas mãos pequenas despejou as folhas que pertenciam a sua árvore de memórias na água.
E ficou olhando elas dançarem e seguirem seu caminho.
O outono havia chegado porque ela havia permitido.
Existem horas em que precisa-se deixar ir embora, mesmo que seja um pedaço tão importante de você.
E é estranho deixar ir embora uma memória tão linda....Não é deixa-la morrer, mas apenas deixar ela seguir seu fluxo. Parar de guarda-la apenas para si.
 Deixar de cultiva-la.Deixar ela passar.

De nada vale cultivar o que não dá mais frutos. E existem outros momentos tão lindos que as vezes não aproveita-se por vivenciar a soberania da comparação.
Cada momento é único, e insubstituível.

Ela se sente livre. Sorri para seu reflexo na água e deixa uma lágrima sutilmente beijar o fundo das pedras.
E é estranho depois de tantos anos.... permitir-se viver afinal.

"Boa noite meu amor. Boa noite"
Ela diz tocando a água, sorrindo, afinal estava cumprindo o amor eterno que havia prometido.




Boa noite meu amor. Que os sonhos possam um dia entregar-me novamente em seus braços. e que através de seus braços eu seja seu sonho assim como você o meu.
E que possamos cultivar tudo que nossos olhos prometiam e que o tempo nos roubou.
Boa noite e saudades. Saudades do que um dia fomos. Com nostalgia relembro as brincadeiras bobas e a inocência que perpetuava através da franqueza .
Amo você. Amei você. Amarei você. Sempre. Nunca mais.