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Yeshua

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Na chuva as coisas se decifram e do mesmo modo elas se devoram. E me devoram junto de cada gota que cai, e tornam-me parte dessa sinfonia.
Creio que no fundo todas as vezes que o céu chora, uma parte de mim renasce com ele, como se fosse um pedido de desculpas a mim mesma por não olhar para dentro. A chuva tras à tona o melhor de mim que os dias de trabalho árduo ocultaram nesse período de seca.
Meus labios sequer sabiam mais a respeito do sabor das gotas de libertade e criação assim como minha pele não tinha mais sensibilidade por conta das crateras que se abriram em nome de todo esse deserto.
Antes fosse um Oasis, mas no fundo apenas sobrevivi em nome de uma miragem que gritava em meu espelho e que não chegava nem perto do que eu realmente havia me tornado.
Abdicar de tudo em nome de algo sem amor. Será que esse era o caminho menos doloroso afinal? ou é mais doloroso acordar e ver que você não era nada do que conhecia? e que no fundo na verdade nunca se conheceu realmente por conta da postura crítica em relação a si  mesma?
Punir-se pelos outros não irá libertar as chagas, apenas afaga-las e torna-las cada vez mais profundas, pois do mesmo modo que absorve-se o problema alheio, torna-se totalmente dependente de seus medos, seus elogios, seus abraços... sendo que a maioria das pessoas não vêem as coisas como você.
Pois é, esperar demais não é o problema, e sim o fato de esperar.
O vento me embala mais uma vez como tantas outras ele o fez, e mostra que tudo o que mais preciso reside aqui dentro de mim. Longe de posturas alheias ou olhares. No fundo eu só precisava entender, mas creio que o entendimento não é uma resposta... e sim mais uma pergunta que gera outra pergunta dolorosa... e assim gradativamente.
Acho que nos preocupamos tanto em deixar nossa marca no mundo que esquecemos de deixar a nossa verdadeira marca em nós mesmos. Como se fosse afirmação de algo esperar alguma opinião alheia.... -mesmo porque a maioria das bocas que lhe beijam são as mesmas que escarram em ti - como disse o grande poeta.

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